A COLHEITA FINAL – A PARÁBOLA DO TRIGO E O JOIO
- Pastor Richard
- 17 de jan. de 2016
- 5 min de leitura
“Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.” Mateus 13:24-30
Parábolas são histórias simples e diretas. São ilustrações extraídas da vida cotidiana e apontam para ensinamentos morais e/ou espirituais[1]. Então porque Jesus falou em Mateus 13:13 – “Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e ouvindo, não ouvem, nem entendem”. O problema não era e não é entender a parábola em si. A chave está na maneira que as pessoas reagiam e reagem às parábolas proferidas por Cristo Jesus!
Existe um adágio que diz “O mesmo sol que amolece a cera, endurece o barro”. O conjunto de parábolas proferidas por Jesus é o SOL que revela a existência de dois grupos. Um grupo de pessoas que reagem como a cera. Ou seja, as parábolas sensibilizam seus corações e elas se humilham diante de Deus e entregam suas vidas ao senhorio de Cristo. O outro grupo é formado por pessoas que reagem como o barro. As parábolas endurecem seus corações e elas murmuram, criticam e se afastam de Jesus.
É interessante que no capitulo 13 do livro de Mateus, Jesus ao proferir parábolas sobre o Reino dos Céus insiste na expressão “Quem tem ouvidos [para ouvir] ouça” (v.9 e 43). O que isso significa? O que Jesus queria dizer com essa frase? Segundo RIENECKER (1998, p.146), Jesus estava ensinando que existe um ouvir interior, que existe um ouvir atento e correto que se traduz em obediência e na prática de seus ensinamentos por parte dos discípulos de ontem e de hoje[2].
Na parábola do trigo e do joio (Mt 13:24-30), Jesus não deixa margem para interpretações equivocadas e deixa claro qual é mensagem central da parábola, pois Ele mesmo se encarregou de explicá-la aos discípulos (Mt 13:34-43). Jesus esclarece que o semeador que semeia a boa semente é Ele mesmo ao se autonomear “Filho do homem”, ao assumir com esse título sua plena humanidade, cumprindo vitoriosamente o que havia sido predito no protoevangelho de Gênesis 3:15 – “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Jesus também identifica a boa semente como sendo os “filhos do reino”, o joio com os “filhos do maligno”, o inimigo que semeou é o próprio Diabo e o campo como sendo o mundo.
Jesus está nos falando de uma batalha travada entre Ele e Satanás, está falando de evangelização vs. contra evangelização, da pregação das boas novas vs. a despregação da das boas novas[1]. Essa batalha começou nas regiões celestiais, quando Lúcifer se rebelou contra Deus e convenceu outros anjos a fazerem a mesma coisa. A batalha se estendeu a terra e o primeiro confronto foi o jardim do Éden como podemos observar em Gênesis 2:15-17 – “Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” e Gênesis 3:4-5 – “Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”.
Essa batalha continuou sendo travada ao longo dos séculos, passou por várias gerações e chegou aos dias da Igreja. Vemos isso já na fundação da Igreja, conforme descrito em Atos 13:6-12:
Havendo atravessado toda a ilha até Pafos, encontraram certo judeu, mágico, falso profeta, de nome Barjesus, o qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, que era homem inteligente. Este, tendo chamado Barnabé e Saulo, diligenciava para ouvir a palavra de Deus. Mas opunha-se-lhes Elimas, o mágico (porque assim se interpreta o seu nome), procurando afastar da fé o procônsul. Todavia, Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor? Pois, agora, eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante, caiu sobre ele névoa e escuridade, e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão. Então, o procônsul, vendo o que sucedera, creu, maravilhado com a doutrina do Senhor. (Grifo Nosso).
O Apóstolo Pedro em sua epístola de 2 Pedro 2:1-3, também nos alerta que essa batalha continuaria até a volta de Cristo:
Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme. (Grifo Nosso).
Para RIENECKER (1998, p.155-156), esta parábola é escatológica[1]. Aponta para uma “Colheita Final” em que Cristo fará a separação dos grãos, pois haverá dois destinos: a SALVAÇÃO ETERNA e a PERDIÇÃO ETERNA. Compete aos membros do Corpo de Cristo aprender a discernir os frutos, ou seja, ficar alerta contra a semeadura/atuação do diabo no mundo e no interior da igreja visível, conforme ensinado por Cristo Jesus em Mt 7:15-20:
Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. (Grifo Nosso).
Porém, compete exclusivamente a Cristo julgar definitivamente as pessoas, e o Apóstolo Paulo nos lembra disso em 1 Coríntios 4:5 – “Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus” (Grifo Nosso).
Portanto, irmãos relembrando a expressão dita por Jesus em Mateus 13:9 e 13:43 “Quem tem ouvidos [para ouvir] ouça”! Há algo especial que Jesus deseja que você saiba. Ele é Deus, vai voltar e julgar o mundo. Cristo fará a separação entre o trigo e o joio! “Quem tem ouvidos [para ouvir] ouça”! Ainda há tempo para arrependimento, se torne cera, deixa Cristo Jesus, que é o SOL das nossas vidas, quebrantar seu coração.
Pr. Richard Campos
Igreja Batista Filadélfia de Águas Claras-DF
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